Cantinho da Helô

Wednesday, September 30, 2009

Viver um dia de cada vez


Tenho a maior dificuldade, confesso, de viver um dia de cada vez.
Me pego constantemente pensando em problemas que resolverei no futuro, coisas que não podemos evitar, que temos que passar, mas precisamos de paciência para resolver.

Tenho a maturidade de reconhecer que tenho esse problema de ansiedade crônica, mas ainda não possuo a maturidade necessária para acabar com isso.

Na verdade, é muito simples não sofrer por antecedência. Basta seguir o dia-a-dia e esperar que o momento chegue sem pressa, na sua hora, curtindo os outros momentos. Na realidade, quando temos pressa, perdemos o melhor da travessia, que é a caminhada.

Luto bravamente para que consiga o mais rápido possível (essa pressa é válida) parar com esse sofrimento e que possa enfrentar as coisas com calma e serenidade.

Tento aprender isso tendo como exemplo minha mãe, minha irmã, meu namorado, meu pai. Pessoas mais vividas que não fazem de um problema um cavalo de batalha e seguem seu cotidiano com tranquilidade.

Desejo ardentemente que consiga controlar o meu impulso de sofrer, mas acredito que o fato de desejar já me deixa mais próxima do meu objetivo.

Friday, September 18, 2009

Up – Altas Aventuras


Emocionante! É assim o novo filme da Disney / Pixar “Up”. Um filme sobre companheirismo como há muito não se via. Carl é um senhor solitário, recém-viúvo de Ellie, com quem tinha planos de ir para a América do sul, e o paraíso das cachoeiras.

Intimado a ir para o asilo, Carl bola um plano e prende sua casa a balões de gás, para com isso partir rumo ao seu objetivo. Só não contava com a compania de Russel, um escoteiro mirim que precisa ajudar um idoso para poder conseguir sua última medalha de honra e virar um grande aventureiro.

Os dois chegam ao paraíso das cachoeiras e o menino faz amizade com Kevin, uma ave exótica, e com Doug, um cachorro com uma coleira falante. Só não imaginam que o dono de Doug, um caçador obstinado, está louco para capturar Kevin.

E assim, velhinho e menino aprendem juntos a conviver e proteger a ave, numa aventura cheia de perigos. E se tornam grandes amigos!

Bacana a dublagem brasileira, com Chico Anísio no papel de Carl, e Nizo Netto como Doug. E eu ainda vi em 3D, um “plus” para qualquer animação.

Monday, September 14, 2009

Uma Prova de Amor


Drama daqueles em que ninguém no cinema resiste e cai em prantos, “Uma Prova de Amor” conta a história de Anna, uma pré-adolescente que foi concebida com a missão de salvar a vida de sua irmã Kate, que possui um tipo raro de leucemia.

No entanto, com o passar dos anos, Anna se cansa de ser furada e espetada, e com a iminência de ter que doar um rim, resolve processar a família pelo direito a seu próprio corpo. Na verdade, Kate e Anna já sabem que o transplante não terá sucesso e que uma com certeza irá morrer, e a outra ficará debilitada pelo resto da vida.

O filme é um pouco lento, porém repleto de ótimas interpretações de Abigail Breslin, Cameron Diaz, Jason Patric, Thomas Dekker, Sofia Vassilieva, Joan Cusack, e Alec Baldwin.
A direção de Nick Cassavetes dá um toque especial.

Já aviso: ninguém sai impune da sessão, sem derramar uma lagriminha sequer. É drama mesmo! Bom para ir com namorado, para ganhar colinho depois.

Friday, September 11, 2009

A fraude


Todo dia Yara se prometia a mesma coisa: “É hoje, vou conseguir!” Mas ao ficar frente-a-frente com seu chefe, sua voz lhe faltava, a coragem sumia e o senso de responsabilidade falava mais alto.

A idéia de pedir demissão a corroía. Todo dia, dia e noite. Já não tinha sono, já não tinha fome, já perdera a vontade e estímulo à séculos. Mas como ninguém entendia qual era o seu drama, afinal, seu chefe era um boa praça, e o emprego nem de longe era ruim, ninguém entendia o que agoniava tanto a Yara.

Dessa forma, ela não tinha com quem confessar, não tinha um ombro amigo para dividir sua dor. Todos diziam que motivos ela não tinha. Não tinha motivos mesmo, era antipatia, não gostava do local, não gostava de sair todo dia mais cedo, caminhar sem fim até o ponto de ônibus, pegar um lotação apinhado, saltar e ainda andar um pedação. A volta conseguia ser pior, porque o ponto era longe, tinha que atravessar uma avenida super perigosa, pegava engarrafamento, e ainda subia a famigerada ladeira de volta.

Quando no trabalho, se sentia uma fraude. Ficava horas na frente do computador. A demanda era pouca, o cargo foi criado para ela, e tinha pouca ocupação. Era a fraude, a fraude. E ter que ir, e fingir que trabalhava, e pegar ônibus, e o engarrafamento, e a ladeira e tudo mais, e ainda ser a fraude.

Já não agüentava, só tinha um mês, e já não agüentava. Fazia planos de resistir, se inscreveu na ginástica, nem isso a ajudou. Se perguntar, vai dizer que atrapalhou. Mais uma obrigação de estar ali, ali, o problema era ali.

Mas a responsabilidade falava mais alto. O que ela iria fazer desempregada? O encosto na vida dos pais? Passar o aniversário no limbo dos necessitados? Virar piada dos amigos abastados?

E ela ficava. E permanecia a fraude. E quem iria saber? Ninguém sabia, nem ela mesma o sabia.

Tuesday, September 08, 2009

Saquarema


Fomos passar o feriado em Saquarema, um local que eu estava há anos curiosa para conhecer.
Terra do surf e do Serguei (que por um acaso, nós o vimos por lá), me desapontou (e muito!) pelo desleixo, falta de sinalização e poucas opções de lazer para o turista.

Só deve ter movimento mesmo quando tem campeonato de surf em Itaúna, que é uma bela praia, mas que nem os nativos respeitam sua beleza levando cães para usarem suas areias como banheiro. Muito feio isso!

Ficou a péssima impressão, e uma vontade de nunca mais voltar.

Tuesday, September 01, 2009

Amada


Leonor queria se livrar do vício de sofrer. Vida dura essa de ter um nome que rimava tanto com dor. Já pequena sentia os augúrios de ser sempre a última a ser escolhida nas brincadeiras, e ter os meninos implicando com suas sardas e puxando suas tranças.

Um dia cresceu, se apaixonou, e não foi correspondida. O menino era bonito, um dos mais bonitos do colegial, o que ele ia fazer com a menina certinha da oitava série, que vivia para os livros e aulas de piano?

Depois dele, muitos outros vieram, mas por ironia, amava quem não a amava, rechaçava quem lhe dava atenção. Amor, assim como Leonor, também combina com dor.

Entrou para a faculdade, se esforçou nos estudos, conseguiu emprego. Nenhum que gostasse tanto. Era frustrada, queria ter sido bailarina, mas os pais tanto insistiram que ela fez direito. Amargou desemprego, fez concurso público, e depois de cinco tentativas passou. Nada que ela gostasse de fazer, mas pelo menos pagava razoável, e dava para subsistir.

Já há muito não sonhava. Os sonhos ficaram no passado, e sonhador, assim como Leonor, também rima com dor.

Um dia fez uma viagem de férias. Entre uma noite e outra de muita tequila, conheceu Manfred, um jovem alemão de 18 anos, que a puxou pela mão e a levou para as pedras. Ela tinha 28, mas pensou, porque não?

Férias findadas, ciclo atrasado, Leonor se viu grávida. Nessa altura da vida, porque não? E mesmo sem nunca mais poder falar com o pai que perdera contato, resolveu assumir a maternidade. Nesse momento uma luzinha se acendeu em seu coração, e ela se aqueceu por inteiro.

Sentia que já tinha uma razão, que já tinha um motivo para voltar a sonhar e ser feliz. Teria uma filha, e decidiu que se chamaria Amada, pois de dor, essa não sentiria nada.