Cantinho da Helô

Monday, January 15, 2018

A Vulnerabilidade




Eu não estudei psicologia, mas meus 41 anos de vivência própria, ou ouvindo pessoas, ou mesmo pelo estudo da Yoga que me faz mergulhar tanto no universo da mente, me fez descobrir uma coisa: vulnerabilidade não é atraente.

Me orgulho de ter muitos e bons amigos e, às vezes, talvez pelo fato de que sou boa ouvinte, alguns me contam suas aflições amorosas. Não sou maga em relacionamento, ninguém o é. Se eu fosse expert, talvez estivesse casada de novo. Ou não, já que estou sozinha porque quero. O fato é que me pergunta muitas vezes: por quê?

Com base no que ouço, mais um episódio que me ocorreu outro dia, acredito que um dos fatores desse "não dar certo" é um dos lados se mostrar muito vulnerável, muito em pedaços.

Como sou solteira, mantenho um perfil numa rede social de paqueras. Me atentou ao fato um rapaz bem mais jovem que eu, que solicitou falar comigo, e na primeira oportunidade, além do tradicional "oi, tudo bem?" me escreveu o rascunho da bíblia sobre seu último romance, com uma mulher igualmente mais velha, não ter dado certo. Segundo o rapaz, tudo estava lindo, mas ela o achou imaturo. 

Não posso julgar. Não o conheço, e nem a conheço. Exatamente aí entra o problema: para conhecer uma pessoa você tem que estar inteiro, se bastar, e não se apresentar aos pedaços, com o objetivo de achar alguém para te resgatar. Óbvio que não o achei atraente, não porque contou o que ocorrera, mas porque, sem nem criar um vínculo, já despejou sobre mim uma expectativa de romance e, não só, de uma durabilidade sem ao menos me conhecer. Tenho certeza que no fundo deve ser um cara muito legal, mas não me transmitiu esse lado.

Desconversei, mudei de assunto, falei até do tempo, e ele replicou que o tempo em sua cidade estava fechado, inclusive o tempo dentro da casa dele (?) - passava por conflitos em casa. Isso é muita informação para uma pessoa que nem conhece. Esse rapaz não precisa de uma namorada, precisa de um psicólogo, ou de um ombro amigo, definitivamente não uma parceira.

Tenho uma amiga, e espero que ao ler não fique chateada comigo porque não a estou julgando (estou dando um ponto de vista aqui), que repete padrões iguais a esse rapazinho da rede social. Sempre que começa um relacionamento deixa claro a parte interessada nela que foi magoada, que sofreu, e externa um monte de infelicidades que já se foram, ao menos já tinham que estar fora de sua mente pois é passado. O que acontece é que a nova pessoa faz o mesmo. Coincidência? Claro que não.

Para ter um relacionamento agradável, mesmo que não dure muito, é preciso entrar nele de corpo e alma livres. de viver o hoje, não o ontem. De recomeçar, porque é um indivíduo diferente.Todo mundo tem problemas, mas a pessoa que você vai conhecer não precisa saber de sua totalidade logo no começo. Ela também tem os dela para lidar. Logo, esteja inteiro! Mesmo! É lei do retorno, gentileza gera gentileza, amor gera amor, tristeza vai gerar o que? Viva a felicidade do conhecimento. Se não der certo, não vai ser porque você está fadado a não amar, vai ser porque tudo é finito, dure o que dure.

O Vinícios de Moraes já dizia, e todo mundo conhece, que no romance temos que ser "eternos enquanto dura". E é por aí mesmo. A expectativa é não gerar expectativa, e aproveitar cada momento. Não é frieza dizer isso, é ser razoável. Lembre-se: o que você doa, é o que você recebe. "The love you take is equal to the love you make". Então, vamos fazer amor, não tormento desse amor.


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