Cantinho da Helô

Friday, November 29, 2013

Mama África - Ndiyakuthanda!

"Ndiyakuthanda" é a forma usada no idioma xhosa (leia-se kôsa, com direito a estalinho de língua e tudo) para dizer "eu te amo". E se tem um lugar que eu aprendi a amar foi a África.

Nunca tive oportunidade de viajar muito, mas todas as vezes que o fiz foi com intensidade que aproveitei de cada cultura.

Ano passado, morei alguns meses na África de Sul e caí de amores pelo país. Como toda brasileira, apesar de branquinha, tenho um pezinho lá, e esse pezinho se mostrou um pezão porque me identifiquei em demasia com a cultura, principalmente a afro. Na minha estada, fiz danças diversas (onde toda a minha brasilidade me permitiu remexer à moda daquelas mulheres maravilhosas e de curvas abundantes), me envolvi em projetos, declarei todo meu amor por aquele continente. Parecia que eu já tinha estado lá!

Trouxe comigo mais que fotos e recordações: até meu jeito de vestir mudou, me entregando (quando o tempo permite, claro) a vestidões, lenços coloridos e muitas bijous. Ah, eu trouxe muitas 'african beeds'.

Mas, porque essa nostalgia repentina?

É que me apareceu a oportunidade de voltar a África, dessa vez como missionária. Faria um curso de 6 meses nos EUA, passaria mais 6 meses na África (país a ser designado), e mais 6 meses nos EUA para treinar gente e contar a experiência.

Aí que meu coração aperta. Eu quero muito, muito ir, mas sinto que o momento não é agora. Quando a mente da gente deve se opor ao coração? 

Provavelmente quando se tem uma série de responsabilidades a cumprir. Tenho prazos, projetos aqui, alunos que eu amo, minha mãe, e um monte de pessoas especiais que não estou podendo deixar para trás nesse momento.

Sinto que sou necessária lá e aqui. Como equilibrar? Medo de ir, tenho não... já sei que sou do mundo, mas o mundo precisa esperar por mim um tiquinho nesse minuto. Preciso pé no chão e estabilidade. Minhas prioridades mudaram com o tempo: da carreira que eu queria tanto, à mochileira que virei. Tudo isso sem arrependimentos. Tudo isso ao seu tempo!

Acho que por isso que minha mãe dizia que tive dificuldade para andar: já queria correr! 

Só que, sendo adulta, preciso esperar para correr no momento certo. Para liberar as minhas asinhas (agora tatuadas em forma de andorinhas), e deixá-las voar para aonde for.






Thursday, November 28, 2013

De amor e olho gordo

Deus me proteja de avisar, para um ser humano sequer, que eu tenho um carinho!
Meu chamego é sagrado, silencioso, bem guardadinho.
Protegido de olhos pagãos, meu amadinho.
Segredo, jóia, quitute, agradinho!
Já aprendi com o tempo que divulgar o amor que se tem pode trazer um mal de olhos obesos. Dessa forma, meu patuá é amá-lo em reserva, preservando-o de todos os possíveis malefícios de tal superstição.
Já dizia-se: "Não acredito em bruxas, mas que elas existem, existem". E como tal, acreditando sem acreditar, abstenho-me de expor aquele que mais guardo.
Afinal, só a mim e a mais ninguém importa com quem está a chave desse músculo pulsante que em meu peito bombeia. Só a mim e a mais ninguém importa por quem meu pensamento vagueia.
Só a mim e a ele.
A nós!

Wednesday, November 27, 2013

Sonhos - esses indomáveis estranhos



Ontem acordei muito perturbada, porque sonhei que me mantinham cativa. Mas meu cativeiro era grande, lindo, tinha piscina, meus amigos podiam me visitar, só eu que não podia sair. Tem mais: o cativeiro se mudar constantemente, como um trem em movimento.

O colosso era "pilotado" por um gigante, que eu nunca vi tirando a imensa mão que sempre me buscava em minhas fulgas. Por fim, venci o gigante, numa fulga final e sem retorno. E foi aí que acordei!

Sou danada para ter sonhos assim, que mais parecem filmes que sonhos. Não sei se devido à minha imaginação fértil ou a minha vida sem emoção. Agora que moro numa cidade do interior, minha vida tem sido o mais absoluto tédio, e não importa quantas aulas eu adicione ao meu dia-a-dia, nada tem conseguido afastar o "chato" mal estar de estar aqui.

Acredito que tenha sido através dos sonhos que fujo.

Todo dia, meu sonho é um longa metragem de aventura. Sonhando já estive no Colorado, descendo as corredeiras por entre o Grand Cannion, já retornei a Paris e tive um romance de folhetim. Já fui camponesa do século 14, já fui até meretriz de luxo.

Em nenhuma dessas vezes me senti motivada a levantar. Levantei porque o "social code" pede, porque o expediente pede, porque é assim e ponto. Mas, estar lá dormindo sempre me dá mais vontade de continuar lá dormindo.

Uma vez li que a vida é sonho. No momento, tenho achado que o sonho é vida!