Cantinho da Helô

Wednesday, August 24, 2011

O Homem do Futuro


"O Homem do Futuro", de Cláudio Torres, é uma divertida história de amor e ficção científica.

Na trama, João, mais conhecido como 'Zero' (Wagner Moura), é um brilhante e amargo cientista que com a desculpa de descobrir uma nova forma de energia para ajudar a humanidade, resolve voltar no tempo 20 anos e corrigir seus erros, e assim, ficar com o amor de sua vida, Helena (Alinne Moraes).

No entanto, quando regressa do passado, percebe que interferir na história causa consequências terríveis para a vida daqueles que o cercam. Dessa forma, ele retorna novamente ao ano de 1991 para concertar a sua interferência, e a presença de 3 personas no mesmo tempo/espaço é uma sucessão de sequências engraçadas.

O roteiro é polido e redondinho. A fotografia, muito bacana. E os atores, estão excelentes. Temos: Maria Luisa Mendonça (Sandra), Gabriel Braga Nunes (Ricardo) e Fernando Ceylão (Otávio), além das participações especiais de Rodolfo Bottino e Gregório Duvivier em pequenas e breves aparições, mas bem marcantes.

Para comprar a pipoca, sentar, e se divertir!

Sunday, August 21, 2011

Melancolia


Lars Von Trier pode não ter gostado do resultado de sua nova película "Melancolia", mas nós gostamos.

Apesar das polêmicas e infelizes linhas que o diretor apresentou na premiére do filme em Cannes, em que toda comunidade cinematográfica e meio mundo informado passaram a achá-lo um imbecil de marca maior, o resultado de "Melancolia" é interessante, inesperado, com uma bela fotografia, e um elenco muito afinado.

Kirsten Dunst, estrela de filmes levinhos ou mocinha de aventuras heróicas, se sai muito bem como a atormentada Justine. Como seu contra-ponto, temos Charlotte Gainsbourg, como a racional e protetora Claire, sua irmã. Ainda na trama, Kiefer Sutherland, que neste filme, nos faz lembrar que SIM, o ator sabe interpretar, ora vejam! E John Hurt e Charlotte Hampling em participações pequenas, porém notórias.

É um filme com narrativa imprevisível, não linear, e com resultado para lá de satisfatório.

Tudo leva a crer que seu argumento gira em torno do casamento de Justine, e de como seu jeito esquizofrênico leva o noivo a debandar antes mesmo da lua de mel. Mas, é muito mais que isso!

É todo um 'efeito dominó' causado pela possível catastrofe vindoura, em cujo planetinha Melancolia irá se chocar com a Terra.

Tudo não passa de especulação, até que Claire se dá conta que a ameaça é mais que real, e, o fim está próximo.

Pode parecer confuso, mas não é. Ao se sentar no cinema e assistir a sessão, toda essa mistureba que parece não ter sentido algum, ganha liga.

Talvez seja isso que Von Trier não tenha gostado, mas quem liga para a opinião dele?

Mamute


Filmado em super 16, e com algumas sequências em super 8, o francês "Mamute" é uma grata surpresa para quem vai assistí-lo.

Seu protagonista é bronco, pesado, mal-vestido, tal qual um pré-histórico paquiderme, mas a interpretação de Gérard Depardieu é tão sutil, simples, e delicada, que é impossível não se cativar por seu personagem, Serge.

O roteiro também é simples, porém cheio de nuances profundas. Não é apenas a história de um aposentado que precisa correr atrás de comprovantes de antigos empregos para receber sua aposentadoria pelo governo.

É também a história de uma homem que não quer ficar preso a uma rotina do lar, que se reconcilia com seu passado, e encontra a paz na estrada para assim voltar para sua casa e retomar sua vida ao lado da esposa.

É um filme em que os conflitos existem, mas são mostrados de maneira suave, para que o espectador não seja afrontado pelos problemas de Serge, mas sim, que os viva, tal qual esse herói-pessoa comum.

Os diretores Gustave de Kervern e Benoïte Delépine acertaram em cheio na sutileza com que conduziram o drama, que tem toques de comédia e romance, e uma fotografia suave às retinas.

No elenco, Isabelle Adjani e Yolande Moreau.

Wednesday, August 17, 2011

A Árvore da Vida

"A Árvore da Vida", filme do cultuado diretor Terrence Malick, não é muito fácil de se assistir.

E não é pelo fato de se tratar de uma história não-linear, afinal, narrativas não lineares costumam ser bem interessante. Mas, o que se passa com o filme em que tem no elenco atores como Brad Pitt e Sean Penn, é que as vezes o existencialismo e a abstração são tão intensos, que faz o espectador perder a atenção. Tanto que durante a sessão que assisti, não foi pequeno o número de pessoas conversando sobre assuntos dos mais variados, sem sequer incomodar quem estava ao lado.

A história do pai duro com os filhos, da esposa amável, e da perda do filho do meio fica um pouco deslocada entre epfanias, e dinossauros, e paisagens magníficas, que tornam a fotografia belíssima, mas dão um sono danado.

A película foi Palma de Ouro em Cannes, e com certeza tem seus méritos, mas, sinceramente, é difícil fincar os olhos na tela.

Malick, diretor com fama de arredio, rodou apenas cinco longas-metragens nos últimos 38 anos, sendo os mais recentes “Além da Linha Vermelha” (1998), e “O Novo Mundo” (2005).

Tuesday, August 16, 2011

GAINSBOURG - O Homem Que Amava As Mulheres


"Gainsbourg – O Homem que Amava as Mulheres" é um filme sobre a a obra e a vida de Lucian, nome original do compositor Serge Gainsbourg, de origem judaica.

Lucian queria ser pintor, mas sua verve para música era clara, como percebeu seu pai, um professor de piano reconhecido, detectando e influenciando o filho a utilizar o piano como seu ganha-pão antes mesmo que Gainsbourg se desse conta.

O diretor Joann Sfar cria uma obra onírica e muito bela exatamente por não ser cineasta de formação, e sim ilustrador. Isso permitiu que sua película tomasse certas licenças poéticas que foram o pulo do gato para tirar o filme do hall das cinebiografias ordinárias ao gênero.

Dessa forma, "Gainsbourg – O Homem que Amava as Mulheres" é um conto, como sugere o diretor, uma fábula baseada em fatos reais. Uma mistura do passado com o presente, de vozes reais com projeções subjetivas.

Há uma bela fotografia, baseada na manipulação da cor e da luz, além da maneira em como elas incidem sobre os objetos ou personagens em cena. A direção de arte está perfeita. A infância do compositor na França sob ocupação nazista é traduzida pelo modo em que o menino, aspirante a pintor, representava o mundo e as musas desnudas: entre o tom pastel e alaranjado, quase num crepúsculo outonal.

A noite é azulada. O cigarro que não desgruda dos lábios ou dos dedos do compositor é quase um personagem à parte no filme. As mulheres, estão sempre ao seu redor, para surpresa de todos. O magnetismo do músico supera sua falta de beleza.

Se o conto cinematográfico de Sfar é fiel a alguma verdade, este algo é à música, e ao lado bohemio e "casanova" do compositor, que seduziu e amou as mais belas mulheres da época, como a cantora Juliette Grecco, a atriz Briggitte Bardot, e a aspirante a cantora Jane Birkin, que tornou-se sua verdadeira musa e parceira de trabalhos (vide seu mais conhecido sucesso "J'e t'aime... moi non plus").

Um filme interessante aos olhos e ouvidos, para ser admirado com uma mente aberta, e um pouquinho de nostalgia de uma década de 60 remota, mas que deixou muitas marcas.

Nota 10 para o elenco, em especial para o protagonista Eric Elmosino, um perfeito Gainsbourg. Pena que a atriz Lucy Gordon (Jane Birkin) não tenha vivido para ver a beleza do filme que estrelou. Ainda no elenco, Laetitia Casta (Bardot) e Anna Mouglalis (Grecco).