Cantinho da Helô

Wednesday, February 09, 2011

Hair - O Musical


O espetáculo "Hair" que está em cartaz no teatro Oi Casagrande, é um deleite para olhos e ouvidos.

Ótima adaptação para o português por Charles Muller e Claudio Botelho, que se inspiraram na remontagem que viram em Londres, em 2010. Atores fresquinhos, cheios de energia e pouco conhecidos, é um dos ingredientes da fórmula de sucesso dessa nova versão.

Hair foi escrito por James Rado e Gerome Ragni (texto e letras das músicas) e Galt MacDermot (música). Estreou off-broadway em 17 de outubro de 1967, e depois de 45 apresentações, foi para o Teatro Biltmore, na Broadway, em 29 de abril de 1968, onde foi à cena por mais 1.873 vezes.

Eu já era fã do filme de 1979 de Milos Forman (e confesso até gostar mais do filme), mas foi fantástico poder assistir o musical ao vivo e em cores. Muitas cores!

O musical segue a trajetória d’ A Tribo, um grupo de hippies da Era de Aquário politicamente ativos, em sua luta contra o recrutamento militar no período da Guerra do Vietnã. Entre os hippies estão Claude e Berger, que lutam contra a convocação do primeiro, e Sheila, apaixonada pelos dois, mas muito envolvida na luta política para cuidar de seus sentimentos amorosos. Eles e os outros membros do grupo sintetizam o pensamento e a prática dos hippies nos anos 60.

Há diferença entre os enredos da peça e do filme: na peça, Sheila é engajada politicamente e Claude chega à conclusão que a vida n’A Tribo não é o que ele realmente deseja e vai para o Vietnã.

No filme, Sheila é uma burguesa que só toma conhecimento da realidade ao conhecer a Tribo, e Claude, vindo de Kansas, não vai para guerra, e sim, Berger, que toma seu lugar para que este possa se despedir de Sheila, e acaba embarcado e morto no Vietnã.

A primeira versão brasileira de "Hair" se deu em 1968, por Ademar Guerra, em São Paulo. Em seu elenco, cuja longa temporada durou até 1972 no Rio de Janeiro, figuram nomes como Sonia Braga, Aracy Balabanian, Armando Bogus, Nuno Leal Maia, Antonio Fagundes, Ney Latorraca, Ariclê Perez, Denis Carvalho, Wolf Maia e Buza Ferraz.

Além da Vida


Clint Eastwood é um diretor que acerta em 97% das produções que dirige.

Na minha simples opinião, "Além da Vida" está nos 3%, apesar de não ser um filme ruim.

Na verdade, o tema é muito delicado, e espiritismo por espiritismo, tivemos duas boas produções brasileiras de alto nível recentes, como "Chico Xavier" e "Nosso Lar", o que acabou deixando o filme de Clint com o tema, digamos, batido.

Três pessoas são atingidas pela morte em graus diferentes. George (Matt Damon) é um médium americano que considera o seu dom uma maldição e tenta levar uma vida normal. Marie (Cécile de France) é uma jornalista francesa que passou por uma experiência de quase morte durante um tsunami na Indonésia. Já o inglês Marcus (Frankie McLaren), perde seu gêmeo Jason (George McLaren) em um atropelamento e parte em busca desesperada por respostas.

O caminho deles irá se cruzar, e de fato, alguma mudança benéfica trará na vida dos personagens.

Elenco bom, roteiro linear, direção de fotografia bem executada, efeitos especiais bacanas (a cena de tsunami é de arrepiar), e uma direção discreta e honesta de Eastwood.

Cisne Negro


Muita gente não tem compreendido a trama de "Cisne Negro" porque vai ao cinema acreditando ir assistir um filme sobre ballet clássico. Bem, não é um filme sobre ballet, mas que usa o tema como pano de fundo.

Aliás, melhor solução não teria o diretor Darren Aronofsky (de "Requiem para um Sonho"), já que o mundo do ballet é altamente competitivo e bem passível de obssessões, posto que tudo que uma profissional desse metiê busca é nada menos que a perfeição, entre tendões rompidos, unhas quebradas, corpo dolorido, e pressão psicológica intermitente.

Enfim, fica mais fácil então criar uma trama de obssessão e auto-destruição quando o pano de fundo ajuda. E quando os atores envolvidos são excelentes, você tem uma história e tanto para presentear o espectador.

Beth MacIntyre (Winona Ryder), a primeira bailarina, está prestes a (leia-se, obrigada a) se aposentar da companhia de ballet de qual faz parte. Rivalidades e teste a parte, o posto é assumido pela angelical Nina (Natalie Portman), jovem de aparência frágil, mas que o público não se engane. Como toda profissional, ela é muito pressionada pela mãe (Barbara Hershey) ex-bailarina, e por Thomas Leroy (Vincent Cassel), um exigente diretor artístico.

Ao ser escolhida para viver o papel de Rainha dos Cisnes no espetáculo "O Lago dos Cisnes", ela tem que assumir as duas identidades da protagonista Odette, o cisne branco e o cisne negro, mas devido à sua obssessão pela perfeição, em agradar mãe, diretor, e a si própria, ela acaba incorporando o alter-ego do cisne negro, tornando-se uma pessoa cada dia mais sombria, e desconfiada de todos, em especial, da colega de elenco Lilly (Mila Kunis), com quem passa, inclusive, a fantasiar sobre competitividade e relacionamentos amorosos.

Darren acertou em cheio ao escolher Natalie para o papel de Nina, já que a atriz, prestes a completar 32, ainda tem cara de menina, mas postura e maturidade de mulher, além de ter uma carreira de veterana, capaz de suportar todo o peso psicológico que seu personagem demanda, e conseguir transmití-lo ao público.