Homens e Deuses

O filme do diretor Xavier Beauvois, vencedor do Grande Prêmio do Júri do Festival de Cannes (e escolhido da França para disputar um lugar no Oscar de melhor filme estrangeiro em 2011), conta o episódio real ocorrido em um mosteiro trapista, localizado em Tibhirine, na Argélia.

A história dos 8 monges, 6 deles brutalmente assassinados em 1996 durante a guerra civil no país, pelos insurgentes jihadistas (que assassinaram operários imigrantes croatas e intimidaram a população árabe), é forte e até hoje gera polêmica na França.

O filme é mais focado na fotografia, no roteiro e na interpretação de seus atores. Beauvois está mais interessado no percurso da história, ou seja, o martírio, que em seu desfecho, o sacrifício. Mostrar a decisão dos franceses em permanecer desarmados no país em conflito, juntamente com o povo que prometeram, em seus votos, ajudar.

Aos poucos, a câmera de Beauvois deixa a vila de lado e foca apenas nos monges, tornando-os mais humanos. A partir do momento em que surge a ameaça terrorista, Christian (Lambert Wilson) toma sozinho a decisão de ficar e não ajudar os terroristas, que buscam por remédios no mosteiro. As individualidades começam a despontar. Há quem queira retornar à França, há quem opte por ficar. Fica a identidade dos homens e seus valores, assim como a força e a crença na fé. Fica claro que o dever fala mais forte.

O ápice da trama é a "última ceia", ao som de "O Lago dos Cisnes" de Tchaikovsky, onde o diretor faz um close em cada ator, e em seus rostos, já podemos encontrar o sinal de um desfecho nada feliz.

Outro ponto importante da película: a leitura que tanto católicos quanto muçulmanos fazem de seus escritos sagrados, e a responsabilidade que essa leitura acarreta a partir de sua interpretação. O modo como cada um interpreta o que lê, pode acarretar tanto a guerra quanto a paz.

Cópia Fiel

Abbas Kiarostami é mestre das histórias verborrágicas e recheadas de arte. Não é diferente com o seu "Cópia Fiel".

A princípio, achei o personagem da ótima atriz Juliette Binoche um pouco chato e arrogante, até perceber que a trama ia além disso. Bravo para Abbas, que conduz seus filmes sempre de forma surpreendente.

É frame após frame que você percebe que a relação da francesa com o escritor inglês James (William Schimell), em plena cidade de Arezzo, Toscana, é mais que um interesse profissional.

Uma "DR" muito interessante e provocativa.

E vale ainda pela bela fotografia!

Rio

Eu sou carioca, não posso negar. Dessa forma, por mais que o roteiro de Rio seja bastante infantil, as imagens de minha cidade sendo reproduzidas em "cartoon" como se fossem uma fotografia foram de dar água nos olhos.

Carlos Saldanha (de "A Era do Gelo"), acerta mais uma vez!

Blu (Jesse Eisenberg) é uma arara-azul que nasceu no Rio de Janeiro, mas é capturada ainda filhote na floresta e vai parar no frio estado de Minnesota (EUA).

É encontrada e criada por Linda (Leslie Mann), com quem tem um forte laço afetivo.

Um dia, Túlio (Rodrigo Santoro) entra na vida de ambos. Ornitólogo, ele adverte que Blu é o último macho da espécie e deseja que ele acasale com a única fêmea viva, que está no Rio de Janeiro.

Linda e Blu partem para o Brasil, onde conhecem Jade (Anne Hathaway), espírito livre, que só quer voltar para a natureza.

Juntos, passarão por muitas aventuras, até descobrirem a liberdade e o amor verdadeiro.

Ainda no elenco de vozes: Jamie Foxx e W.I.Am.

Incêndios

Filmes de cunho político geralmente são uma boa, porém incômoda surpresa. A produção franco-canadense, dirigida por Denis Villeneuve, e ambientada no Canadá e na Palestina surpreende com um roteiro coeso e NADA previsível (de Valérie Beaugrand-Champagne, Wajdi Mouawad, Denis Villeneuve). Na leitura do testamento de sua mãe, os gêmeos Simon (Maxim Gaudette) e Jeanne (Mélissa Désormeaux-Poulin) descobrem que eles tem um irmão mais velho, e que o pai, que os dois achavam que havia falecido, estava vivo. Dentre os últimos desejos de Narwal (Lubna Azabal), o derradeiro e mais importante contém duas cartas seladas, que deverão ser entregues ao pai e irmão desconhecidos. Só assim, a falecida poderá ter um enterro de acordo com as leis cristãs. No entanto, em sua busca, os gêmeos descobrem que o passado da mãe era bem mais intenso (e brutal) do que o que aparentava a pacata secretária de um cartório.

Vips

A história daria um bom caldo, especialmente tendo Wagner Moura como figura central. Mas, algo se perdeu em "Vips", do diretor Toniko Melo ("Som e Fúria").

Marcelo tem um desvio de personalidade grave, e assume várias facetas ao longo de sua juventude. Desde piloto de avião para narco-traficantes, até se passar pelo herdeiro da Gol em pleno Carnaval de Recife.

Gostaria de explicar porque, mas o enredo, baseado numa história real, se perdeu em algum ponto. A trajetória de Marcelo, se pesquisada, é muito mais rica do que o que acontece na tela, pois não se trata apenas de um usurpador, um traficante, e sim um homem com um grave problema mental.

Mas, ver Wagner camaleônico atuando é sempre bacana.

Invasão do Mundo - A Batalha de Los Angeles

Dificílimo imaginar que um filme de ação possa ser insosso e sem graça. Pois o filme dirigido por Jonathan Liebesman (remake "O Massacre da Serra Elétrica") conseguiu. Em suas quase duas horas de duração, vemos muita correria, explosões, aliens, gente morta, mariners,... mas emoção zero.

Lembro como foi bacana e nervoso "Distrito 9", também sobre aliens, e como um filme sul-africano de baixo orçamento pôde ser tão mil vezes melhor que essa refilmagem americana.

Talvez pelo patriotismo exacerbado, talvez por exaltar demais a importância mundial dos fuzileiros navais (!), talvez por um roteiro fraco, não sei... os efeitos especiais são de ponta, e mesmo asism, deixam a desejar (?). Um desperdício... de tempo do espectador.

Pobre Aaron Eckhart, ótimo ator, preso no meio dessa teia insandecida. No elenco: Michelle Rodriguez, Aaron Eckhart, Bridget Moynahan, Lucas Till, Jim Parrack, Michael Peña, Joey King, Taylor Handley, Ramon Rodriguez.