Cantinho da Helô

Wednesday, April 27, 2011

Homens e Deuses


O filme do diretor Xavier Beauvois, vencedor do Grande Prêmio do Júri do Festival de Cannes (e escolhido da França para disputar um lugar no Oscar de melhor filme estrangeiro em 2011), conta o episódio real ocorrido em um mosteiro trapista, localizado em Tibhirine, na Argélia.

A história dos 8 monges, 6 deles brutalmente assassinados em 1996 durante a guerra civil no país, pelos insurgentes jihadistas (que assassinaram operários imigrantes croatas e intimidaram a população árabe), é forte e até hoje gera polêmica na França.

O filme é mais focado na fotografia, no roteiro e na interpretação de seus atores. Beauvois está mais interessado no percurso da história, ou seja, o martírio, que em seu desfecho, o sacrifício. Mostrar a decisão dos franceses em permanecer desarmados no país em conflito, juntamente com o povo que prometeram, em seus votos, ajudar.

Aos poucos, a câmera de Beauvois deixa a vila de lado e foca apenas nos monges, tornando-os mais humanos. A partir do momento em que surge a ameaça terrorista, Christian (Lambert Wilson) toma sozinho a decisão de ficar e não ajudar os terroristas, que buscam por remédios no mosteiro. As individualidades começam a despontar. Há quem queira retornar à França, há quem opte por ficar. Fica a identidade dos homens e seus valores, assim como a força e a crença na fé. Fica claro que o dever fala mais forte.

O ápice da trama é a "última ceia", ao som de "O Lago dos Cisnes" de Tchaikovsky, onde o diretor faz um close em cada ator, e em seus rostos, já podemos encontrar o sinal de um desfecho nada feliz.

Outro ponto importante da película: a leitura que tanto católicos quanto muçulmanos fazem de seus escritos sagrados, e a responsabilidade que essa leitura acarreta a partir de sua interpretação. O modo como cada um interpreta o que lê, pode acarretar tanto a guerra quanto a paz.

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