Cantinho da Helô

Thursday, May 04, 2006

High Learning

Não, eu não te bati!
Minha mão simplesmente deslizou para o teu rosto pueril, marcando com cinco rubros dedos tua face branca.
Não, eu não te bati!
Meu cinto apenas ricocheteou em tuas magras pernas, azulando de leve suas parcas coxas.
Não, eu não te bati!
Apesar da vontade, e de desejar-te homem, para que pudesselevantar-te pela gola da blusa e rolar aos socos contigo pelo chão.
Não, não digas que te bati!
Foi apenas um soco, apenas um, no topo de tua sólida cabeça, para completar o ir e vir de meu pulso em suas maçãs juvenís.

Veja tua mãe.
Está roxa e ensangüentada, mordida e arranhada.
Mas, como? Como dizer que fui eu?
Eu? Nunca!
Nunca ergui meus braços para violência sequer.
O roxo, só pode ter sido descuido. Os móveis da casa são perigosos.
A mordida, só pode ter sido o cachorro.
O arranhão? Com certeza foi esse teu gato imundo, minha filha.
E o sangue? Bom, essa mulher deve ter batido em si mesma. Tudo para jogar você contra mim.

Porque eu, eu nunca!
Nunca te bati!
Apesar de tuas lembranças...

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