Não perca a fé
Nasci sem ser desejada, e assim fui criada. Filha da babá, da empregada. Minha mãe muito ocupada, meu pai mal me olhava, os exercícios de escola fazia sozinha, porque minha "nana" era analfabeta, mas me fazia companhia.
Ela que me incentivava, a cada palavra, a cada conta, a cada nota no instrumento que tocava, a cada dança, e era ela que ia, me ver, não meus pais.
Por isso, as poucas e raras fotos de toda uma vida na dança e alguns outros na música. O "aborto interrompido" era esperto, inteligente. Seguia sozinha, mesmo com palavras dizendo para não ir, eu ia.
Eu fui!
Achei que era suficiente, uma boa faculdade pública, bons empregos na minha área.
Não foi suficiente. Quem mais deveria me amar nunca leu uma linha do que escrevi, nunca ouviu nem viu nenhuma audição, nunca participou de nada.
Agora, com quarenta anos, dura igual um coco, e desempregada, num estado falido, numa sociedade que mal se ergue para nada, tento mais uma vez unir forças para uma nova empreitada.
Se nascer onde nasci não me impediu, quem vai barrar minha estrada?
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